domingo, 4 de dezembro de 2016

A chegar ao fim

Não sou eu que estou a chegar a fim... é apenas 2016. Já estavam aí a fazer uns filmes sobre a razão do meu fim...

Foi um ano fantástico no que diz respeito às minhas participações em provas. Não que tenha feita resultados dignos de ser chamado à seleção, nada disso... apenas participei nas provas que desejei e idealizei.

Passei pelo UTAX (117 km), segui quase direto para o MIUT (85 km)... apanhei balanço e cheguei a S. Mamede (104 km), fui a banhos à Ultra Atlântica Melides - Tróia (43.5 km) e aterrei no UTMB - CCC (106 km). Pelo meio fui fazendo uma aqui e outra ali para meter os níveis motivacionais em alta.

Foram muitos km nas pernas... muito treino de corrida... muita pedalada a dar aulas no ginásio... muito TRX... loucura total (da boa).

Muitos trilhos partilhados com a melhor equipa do mundo CTAD - Trilhos de Cinfães... e muitos km com o melhor grupo de treino do mundo Corridas Por Albergaria.

Podia ter feito a coisa de outra forma... poder até podia... mas digo-vos *não era a mesma coisa*.

Tantas e tantas vezes me perguntam onde vou buscar a motivação para tal. Onde a vou buscar não sei... mas sei que quando corro no monte sinto-me noutra dimensão, noutro planeta, num mundo imaginário, onde tudo bate certo, onde os elementos encaixam com perfeição.

Já encontrei de tudo... trolls, unicórnios, seres imaginários do reino do faz de conta, que te empurram para a frente sempre que desesperas, que te puxam quando estás quase a desistir, que te seguram quando estás prestes a cair, que te dão água quando tens sede e comida quando tens fome.

Sei que isto tudo é pode ser pura imaginação, delírio do cansaço que por vezes transporto... mas gosto de acreditar que isto é verdade e desta forma ganhar mais motivação para encontrar mais seres do imaginário.

Podem não acreditar mas acho que vi no MIUT o Tom Sawyer divertidíssimo a saltitar de pedra em pedra.

 No UTAX estavam lá a Heidi e o Pedro a passear com as cabras e aquela voz que ouvi, a furar aquela  imensa chuva que caía, deveria ser do Avô, preocupado com os dois amigos.

Em S. Mamede... quando Portalegre ainda estava longe e as forças faltavam... ía jurar que apareceu o Popeye com uma lata de Espinafres, altamente revigorantes, que me deram a força suficiente para finalizar a prova.

E não é que na da praia me apareceram Os Flintstones naquele carro fabuloso... aqueles 4 km finais com eles a fugirem à minha frente... ganhei nova vida.

No UTMB - CCC... no meio do nada, nos Alpes Italianos ou eventualmente Suíços, estavam sentados a gritar por mim o Mickey, Pato Donald, Tio Patinhas, Os sobrinhos e o Pateta. Foi mesmo engraçados vê-los lá. A gargalhada que dei com esta cena, foi a suficiente para afastar o cansaço que trazia e ganhar forças para mais uns km a bom ritmo.

Só espero que isto se mantenha assim... que 2017 me continue a trazer power para fazer umas provas e que esta minha imaginação não se afogue na vontade de andar a stressar com classificações e tempos.... 

Siga 2017

sábado, 26 de março de 2016

UTAX 2016... nem tudo o que parece é

Anda uma mãe a criar um filho para isto... teria dito a minha querida mãe se soubesse o que eu andei a fazer no dia 19... curiosamente dia do PAI.

Assim de repente decidi participar no UTAX na distância dos 110 km, 112 km, 115 km ou 117 km... isto porque a organização não se entendeu com a distância e o meu relógio também decidiu ser diferente. 

Os mais distraídos diriam que também mais 5 ou menos 5 km... que não é por aí... mas neste caso é mesmo por aí... 5 km na Lousa naqueles trilhos, podem ser 1h30 a mais de prova. Por isso.. nem tudo o que parece é.

A prova começou à hora que eu gosto que estas provas de 3 dígitos comecem à meia noite. Gosto de fazer a noite enquanto estou fresco. E neste caso nunca a palavra FRESCO fez tanto sentido. O nosso amigo S. Pedro, decidiu abrir as torneiras e despejou lá de cima tudo o que havia para despejar durante largas horas. Já não bastavam os trilhos técnicos, de lenta progressão (para este coxo aqui), ter de os fazer com chuva e frio, a coisa tornou-se um pouco mais difícil.

Mas como se costuma dizer "É DISTO QUE O MEU POVO GOSTA".

A Serra da Lousa é mítica, é fantástica, é linda, é surpreendente, mas também pode ser madrasta (perdoem-me as madrastas boas), má e invencível. Se queres sair de lá de peito feito e cortar a meta... não vás de peito demasiado saído para fora... pois a coisa pode correr mesmo mal... e teres-te de encolher como nunca.


Os fantasmas atacam de forma impiedosa, os monstros saem das grutas, as árvores ganham vida, como se de um filme fantástico se tratasse... as águas aumentam a corrente, o solo remexe-se e decide empapar-se, as pedras lustram-se para se tornarem mais escorregadias, os répteis fazem um pacto e juntam-se para cruzar o caminho de forma a provocar tropeções. Tudo isto, envolvido por uma escuridão imensa, que apenas é interrompida por tímidos focos que ao acertarem nas fitas, as transformam em Estrelas orientadoras do caminho certo.


O lema da prova... vária vezes inscrito nas fitas...ÉS TU E O TRILHO... eu acrescento E O RESTO...




Porque o RESTO... esse faz tanto ou mais sentido que o TU, quando se trata de uma prova de três dígitos. O RESTO são os amigos antigos e os novos, a determinação, a resiliência, a beleza, a imensidão, o respeito... tudo o que se possa encaixar e que seja determinante para te fazer avançar até ao fim.


E não se pense que quem não acabou é mais fraco... nada disso... apenas adiou o fim da história... é uma espécie "suspense" de "cenas dos próximos capítulos"... ainda hoje li, numa entrevista do Armando Teixeira no JN, que não se desiste de uma prova... apenas se adia o seu final. E é mesmo isso... não há heróis, se não acabas a provas, preparas-te para a acabar no ano seguinte.

Tive a felicidade de a finalizar e ainda por cima em excelente companhia... ,melhor era impossível. Foram horas a mais?.. Sim foram... Podia ter sido bem mais rápido?... Sim podia... mas nem sempre é como se quer... mas sim como pode ser...

Quanto à qualidade da prova... é muita... perfeita?.. não... mas para lá caminha... para mim para ser perfeita, faltou-lhe um final feliz... aqueles 15 km finais são completamente despropositados, sem nexo, perigosos, horríveis, desgastante e desmotivadores. Quando já se traz 100 km nas pernas e na bagagem uma enorme vontade de chegar... tudo o que precisamos é apenas de um estradão para rolar tranquilo até ao final e ficar com essa imagem na memória... assim, da forma como foi... naqueles momentos após prova , só me lembrava da parte final e do quanto era horrível... enfim... por vezes penso que quem escolhe os percursos, não corre neles... pois se corresse não faria isso. Mas isto sou eu a dizer com os nervos...

Já sei que vão dizer que os primeiros não e queixam... Mas caros amigos organizadores, as provas não se fazem nem se pagam apenas com os primeiros... mas sim com todos, sobretudo com o grosso do pelotão... que esses ... são os que passam mais horas por lá e os que mais sentem estes desvarios organizacionais.

Não invalida que não volte lá... para o ano logo se vê... mas provas, neste momentos são como os chapéus... há muitas... :)

Bem agora... resta-me despedir-me com desejos de boas leituras e bons treinos...

 MIUT me aguarde...

Abraço e bjos


quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

SIGA 2016

Como sempre lá fui eu ao meu email, como sempre abri os emails recebidos onde incluía o de um atleta... que começa o seu email a dizer que estava chateado.

Chateado? Perguntei-me... com o quê?

A explicação surgiu de imediato...

"Então tens um blog, cheio de fotos fantásticas... e não dizes nada"

Pois é.. isto tem andado parado na escrita e na divulgação. O tempo foge-me entre os dedos e por vezes sem o conseguir agarrar. Mas este email...deste sempre atento e assertivo atleta... levou-me a escrever este texto.

O ano de 2016 vem cheio de desafios... todos eles idealizados/pensados/planeados ainda em 2015. Sim 2015... porque essa cena de estar no dia 31 às 23h59'59'' com o copo (após outros tantos) na mão e de forma irracional tipo "tesão do mijo"... lançar ao ar uma porrada de resoluções, pode dar Barraca da grossa.

Como não gosto disso, decidi planear as coisas...

Aqui vai e respirem fundo, porque eu já não tenho fundo para respirar:

UTAX 112 km com 6000 D+

MIUT (Madeira) 85 km com 6000 D+

S. Mamede (Portalegre) 104 km com 4000 D+

Ultra maratona Melides/Tróia (sempre na areia da praia) 43 km

CCC (Mont Blanc) 101 km com 6000 D+

Para os mais distraídos e menos informados... não é de carro, nem de mota é mesmo a correr (ou a andar).

Ai e tal... olha me este... tem a mania... só conversa...

Não sejam assim... vou mesmo lá estar na partida... quanto à chegada... não sei se lá estarei em todas, logo se vê. Mas prometo que caso não esteja, venho na mesma aqui relatar o sucesso e o insucesso.

No meio disto tudo... espero fazer mais algumas provas, para meter emoção nisto tudo.

- Olha lá.. mas vais sozinho? - perguntam vocês.

- Nada disso, vou com a melhor de todas as equipas "CTAD - Trilhos de Cinfães".

E esta hein!!!!

Até lá bons treinos e bons livros...

;)







sábado, 31 de outubro de 2015

Fui adotado pela Freita

Hoje desloquei-me à Serra da Freita, juntamente com um grupo de enormes atletas e amigos: Óscar, Isabel, Ricardo, Milton e António.

O objetivo era ir à aldeia de Drave, uma aldeia desabitada mas com um encanto fenomenal, escondida atrás de montes e montanhas, que nos espreita com o seu olho branco assim que começamos a descer na sua  direção.



Um caminho fabuloso, onde os olhos se enchem de emoção a cada olhar em redor. Ali a natureza foi pincelada e decorada por artistas anónimos, mas fantásticos. Cada pedra, cada árvore, cada arbusto, cada descida e subida, cada rio e riacho foram colocados não de forma ao acaso, mas num excelente exercício de decoração e combinação entre todos estes elementos. Onde os mais ínfimos pormenores não são deixados ao acaso.


Ao longo do caminho vamos assistindo ao desabrochar de aldeias, pintadas propositadamente de cinzento, que encaixam na perfeição no enorme vestido verde que nos oferece a natureza, acompanhadas aqui e ali de pinceladas alaranjadas. 


Por todo o lado aparece água em forma de rios, riachos e pequenas cascatas que refrescam e gelam  as emoções e que nos permitem manter o pensamento focado na contemplação. 



A simpatia das gentes destas terras, surge a cada pequeno contato que se tem... "bom dia" "onde vão" "de onde vêm" "tão longe" "olhe que se cansam muito" "vão com cuidado"... é impossível não retribuir toda esta simpatia, toda esta preocupação.




De repente, quando menos esperas, surge ao fundo, bem escondida, parecendo estar envergonhada da sua pequena dimensão a aldeia de Drave... com aquele olho branco, a controlar todos os teus movimentos e de uma forma muito simpática parece chamar-te, ao seu encontro, mas a dizer-te que venhas com cuidado para não te estragares nem a estragares.

Entras e és absorvido por toda aquela beleza simples, aquelas ruas de calçada torta, com casas recuperadas e por recuperar... mas o cinzento e verde encaixam na perfeição. Paras de correr e caminhas, caminhas, caminhas... e depois ganhas coragem, regressas, mas já com saudades e vontade de lá voltar.







No final podes dizer sem medo "Ali eu fui feliz"

































terça-feira, 20 de outubro de 2015

Serra da Lousa o Parque de diversões

Cinco e meia da manhã toca o despertador, por minutos sinto-me perdido... que raio, para que tocas. Depressa caio em mim e lá me levanto... os 51 km na Serra da Lousa Esperam por mim.

Rapidamente salto da cama, desço as escadas, sou efusivamente cumprimentado pelas minhas cadelas... são mesmo fieis, acordam sempre a tempo de festejar a nossa presença.

Tratar dos pormenores e dos por-maiores, pequeno almoço no sítio certo, saco preparado, dentes lavados (sou limpinho)... e siga para mais uma viagem na companhia da amiga destas aventuras, a Isabel.

Apesar da hora madrugadora, ainda temos capacidade para articular uma conversa, onde tentamos antecipar dificuldades e soluções, mais umas banalidades, como quem será o próximo primeiro ministro... cenas de gente culta :)

Depressa chegamos a Miranda do Corvo, local onde está situado todo o STAFF da prova, bem como, a partida e chegada da mesma. 

Aquela hora já os "desgraçados" dos 112 km levam 7h30 de prova... que violência.

Dorsal levantado, café tomado, última refeição antes da partida feita, troca-se de sapatilhas rápido, coloca-se dorsal, fecha-se o carro... uma corrida para a partida, confere-se o material obrigatório, ultima foto da praxe... e zás .. partida dada, desejo de boa sorte e a aventura começou.

Como o S. Pedro é um tipo simpático começa a chover, isto tudo para refrescar as ideias e se for caso disso a malta ficar logo por ali. Olho à volta, apesar da chuva, ninguém arreda pé.

Acelero um pouco para me juntar o mais à frente possível, mas como sempre aqueles tipos teimam em ser mais rápidos do que eu... com tanta velocidade qualquer dia caem e aleijam-se. Cuidado meninos... cuidado.

Primeiros km tranquilos, plano e sem stress... mas foi sol de pouca dura... depressa entro no parque de diversões onde tudo é permitido: Montanha Russa, Bailarina, Casa Assombrada, Poço da Morte, Aviões, Patinhos, Cadeiras Voadoras... de tudo... até acho que matraquilhos.

Km de subida e descida... numa constante viagem vertiginosa... passas e és passado... corres e andas... esperas e desesperas... amas e odeias... rejubilas e rogas pragas... aqueces e arrefeces... efusivas e resmungas... 

Os primeiros km tornam-se algo desesperantes, não pela dificuldade, mas porque o corpo não queria andar, as pernas fraquejavam como se fossem varas verdes acabadas de germinar. "Que faço aqui" e "como vou finalizar esta empreitada"... era o que latejava na minha cabeça. 

As varas verdes e fracas, foram sustentadas por um cabeça forte e resistente, capaz de resistir a este mau momento... quando me sinto assim... tenho sempre a certeza que tudo se pode alterar e para melhor, quando menos espero. 

E de repente deu-se uma espécie de milagre... não se abriu o sol, mas fechou-se o céu... e as fontes do frescura abriram-se lá em cima, e sobre a Terra brotou uma verdadeira cascata, que me lavou a alma e tirou-me a fraqueza... ressuscitei para a corrida e para a Serra. Como eu adoro correr com chuva... é refrescante e emocionante. Milhões de pingos grossos e finos, batidos a vento ciclónico bateram-nos de forma constante e impiedosa... foi a parte que mais gostei... apenas uma reclamação: um pouco menos de vento por favor... obrigado.

A partir daqui foi saborear todos os pormenores que a natureza oferece... trilhos, descidas, subidas, pedras, cores, cheiros, lama, lama, lama, lama, lama (é que era mesmo muita).

No final... uau... está ali a meta... ao cortar a meta...serro os punhos... mais uma prova superada.


Ali eu fui feliz

terça-feira, 15 de julho de 2014

Trail Entre Douro e Paiva e Louzatrail

Como já andava ausente destas andanças da escrita, porque o tempo escasseia (tal como o dinheiro), esperei pela minha participação em dois trails e assim faço uma novela tipo 2 em 1...

Há uns largos mas largos anos, vi um filme intitulado «Os deuses devem estar loucos», é daqueles filmes que o nome fica na memória mas o filme nem por isso.

Devem estar a perguntar o que é que o nome do filme tem haver com os trails... passo a explicar.

Os deuses não estão nada loucos, antes pelo contrário... tiveram momentos de grande imaginação, inspiração, dedicação e sensibilidade para terem criado serras com tamanha beleza e mistério.

A única loucura que os deuses devem ter cometido foi a criação do ser humano com o chip da destruição... porque espero que nunca esse chip seja ligado para destruir tamanha beleza.

Pelo segundo ano consecutivo participei no Luzatrail,  que é feito de afetos, de gente boa, dedicada e que não vê o trail como um meio para ganhar dinheiro, mas como forma de divulgar a sua região e as suas gentes. Foi um subir e descer, muito próximo daquilo que uma montanha russa nos proporciona. Este sobe e desce não se limita ao terreno, é também um sobe e desce de emoções e contemplações.

Água que gela os pés, mas refresca a alma, paredes que desgastam os músculos mas alimentam a alma, descidas que amedrontam o corpo mas aguçam a adrenalina. Tudo isto, servido a atletas de espírito aberto a receber tamanha informação, que nos chega pelo olfato, pelo tato, pelo sentimento, pela audição e pelo sabor.

Assim vale a pena, fazer km de carro, para depois fazer mais uns quantos a correr, a sofrer, a duvidar da sanidade mental... mas no fim, amigos... no fim... fica a gratificação de ter participado em tudo isto.

O trail entre Douro e Paiva que partiu da bela localidade de Cinfães, foi uma espécie de 2ª parte com direito a prolongamento destas emoções.

Resolveram servir-nos um banquete de beleza, digno dos melhores e mais ilustre reis, imperadores e deuses dos tempos de outrora.

E eu.. eu simplesmente tive a felicidade de me ter predisposto a viajar até lá, calçar as sapatilhas, vestir os calcões, a t'shirt e correr, correr, correr.

Como estava condicionado fisicamente para este trail, derivado a uma lesão, decidi fazer uma prova calma. Que rica ideia eu tive, com isto foi-me permitido olhar e contemplar tamanhã beleza.

Começar a prova em cima de uma ponte sobre o rio douro que fica a 70m de altitude e começar a subir, subir e mais subir até aos 1200 metros, parece tarefa complica... parece e foi, mas quando se faz no meio de rochas, riios, árvores, bosques, florestas e na companhia de compnheiros de «guerra», tudo parece ficar mais fácil. e o tempo foi passando e os km sendo ultrapassados.

Nos momentos de maior calor, aparecia assim do nada, uma fonte de água super fresca, capaz de arrefecer o corpo escaldado pelo sol. E quando a força ia faltando e o desespero parecia querer apoderar-se de mim, lá surgia mais um abastecimento com fruta e água fresca e com gente boa a servir-nos, capaz de nos recarregar as pilhas. Com isto lá me lançava para mais uns km...

Isto tudo em grande companhia... rodeado de amigos. 

Com estas duas provas reforcei a ideia que já tinha sobe o trail... «AQUI EU SOU FELIZ».

bons treinos



quinta-feira, 22 de maio de 2014

Ultra Trail S. Mamede - aventura, sofrimento, companheirismo, calor, loucura, fantástico...

Depois de muitos meses sem escrever no blog... entendi que a minha louca participação na UTSM, merecia um texto, mais ou menos inspirado.

A aventura não começou no dia da prova, iniciou há uns meses atrás, no momento que me decidi inscrever nesta prova. Decisão tomada... tratei de lançar o desafio a mais uns quantos, visto que me ia desgraçar, mais valia fazê-lo bem acompanhado.






Desafio lançado e não faltaram doidos que aceitassem: Humberto Almeida, Jhonny Vieira, Viriato Dias, Paulo Ferreira, Afonso Estevão, Rafael Valente e mais tarde juntou-se a este grupo o Ricardo Pinhão, todos para os 100 km. Mas para dar beleza à equipa as meninas Rita Gaspar e Isabel Almeida decidiram ir aos 42 km.

Num piscar de olhos já estavamos na semana que antecedia à prova. Toca a tratar dos pormenores e pimba... 6ª feira 16/5/2014 tinha chegado.

Carros cheios de tralha e lá fomos nós para Portalegre. A viagem era relativamente longa, mas passou num instante, penso que era da adrenalina do momento.

Chegado a Portalegre, toca a levantar dorsais, lanchar, passear, rever amigos, inspirar o ar daquela belissima atmosfera, dar uma volta... em suma, passar tempo e descontrair.

A hora do jantar chegou rápido e lá fomos nós fazer o pic nic. Massa, atum, ovo... coca-cola. combustível reposto. Chegou a hora de equipar, de preparar mochilas, verificar se tinhamos todo o material e siga para a zona da meta.

Fantástico, tanta gente, tanta cor, tanta emoção, tanto nervosismo e tudo isto acompanhado com música dos pink floyd aoo vivo... :)

A hora da partida rapidamente chegou, deu-se a contagem decrescente e zás... lá foram os 700 aventureiros, com ar de mineiros galgar km e mais km pela serra fora.

Os primeiros km são um misto de emoção e confusão, muita gente, luzes, pó, noite, pedras, ultrapassa, és ultrapassado, incerteza no rítmo a colocar. É tudo a ser projetado na nossa cabeça e leva tempo até estabilizarmos o pensamento e começarmos a ser racionais.

 Da minha parte a racionalidade chegou por volta dos 10 km. As dificuldades respitratórias que sentia, fruto da rinite alérgica que sofro e que surge ao mais alto nível nesta altura do ano, assim o exigiu.

Meti um andamento não muito forte, de maneira a nunca correr em esforço, na esperança de atrasar o mais possível a fadiga.

Esta minha estratégia resultou até perto de Marvão +- aos 60 km, a partir daí uuuiiiiii, foram 40 km a sofrer e a lutar contra o cansaço, calor e desnível. Mas faz parte...

Quanto à prova, que maravilha. Percurso duro, exigente mas lindo. Com passagens e paisagens paradisiacas, quer de noite quer de dia. E  aquele amanhecer foi qualquer coisa de fabuloso, provavelmetne foi o momento alto de toda a prova.




Durante o percurso tive o privilégio de correr ao lado de conhecidos e desconhecidos, tudo gente boa que têm em comum o gosto pelo trail. Destaco o Jorge, companheiro de Guimarães com quem corri lado a lado durante cerca de 15 km. O Rafael e o Pinhão companheiros de treino e que se revelaram também excelentes companheiros de prova. Penso que sem a companhia deles teria sido muito dificil conseguir terminar esta aventura.



De negativo destaco apenas 3 coisas: 1- alguns abastecimentos mereciam alguma comida de substância: febras, presunto, etc... tinham muitos doces e alguns salgados, mas faltou substância. 2- O percurso a partir dos 60 km, não tinha necessariamente de ser tão duro, com tanta zona técnica, tornando-se aqui e ali algo perigoso, fruto da fadiga acumulada que os atletas traziam.. 3- Mas mau, mesmo mau... foi a quantidade de lixo que os atletas vão largando ao longo da prova. Sinceramente não consigo perceber o porquê de deitar as embalagens vazias para o chão. Peso? Senhores e senhoras... as poucas gramas que as embalagens têm, não fazem mossa. Fazem mais os kg que cada um tem a mais no corpo. Por isso, façam favor de guardar as embalagens e deitá-las fora nos abasteciementos ou no final da prova.



Quando estava quase a terminar a prova (quase=2h) disse ao meu companheiro de prova Rafael, que nunca mais me apanhavam ali, era terminar aquela e ficava por ali.

 A sensação de terminar foi algo transcendente, maravilhoso, divinal.




Mas no dia seguinte, já depois de algumas mazelas menos evidentes... só em apetecia calçar as sapatilhas, equipar e voltar ao local do crime. Como este ano não pode ser... 2015 me aguarde.... :)


Nota1: Parabéns a todos os companheiros de aventura, quer os que acabaram quer os que desistiram por problemas físicos. Ter tido a coragem de se lançar nisto demonstra uma boa dose de insanidade saudável. Venham mais momentos destes loucos....


Nota: Fomos notícia de Jornal no Diário de Aveiro... hehehehe